domingo, 2 de abril de 2006


















"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome...
[...]
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos...
[...]
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte..."

João Cabral de Melo Neto

7 comentários:

Alan Santiago disse...

o amor come, o amor come e é insaciável. e o quê que não é comido pelo amor?

Anônimo disse...

no meu caso, eu que o comi.
e saiba, só saiba, que implodir é tremendamente, infinitamente mentes, pior do que EX-plo-dir.

[que eu quero é que o mundo pegue na minha dor e estupre e massacre a dor. que de invisível já me bastou a partida.

Anônimo disse...

p.s.: quem você?

bruno reis disse...

a lara é foda até nas citações que escolhe! ;)

Anônimo disse...

eu adoro o cordel recitando isso =~

Anônimo disse...

mi amoreee...
te amoooo!


(LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL)²²²

Thalita Castello Branco Fontenele disse...

E vomitou alguma esperança...
:)