sexta-feira, 4 de novembro de 2005

O dromedário

efizema e promessa
bem quis ser poeta
bem quis ser poema
bem quis se mudança

Mas esperou a bonança
e bonança não teve
e criança não teve
nem esposa não teve

Então esperou pelo tempo
que dizia que tudo cura
E veio o tempo
o Estado
a República
veio a promessa
veio a mudança
veio a bonança
veio a esposa
veio a doença
(que a promessa não cumpriu
que a mudança não mudou
que a bonança não sorriu
que a esposa não pariu
que a criança não chorou
que o tempo não curou
que todo mundo partiu)
E só ele ficou (ele ficou só)
E como "ele" não rima com nada
abandonou a caneta
é que veio tudo mas diz ele
que faltou a tal vocação
(pra viver ou pra escrever?)

3 comentários:

bruno reis disse...

gente, que texto geração perdida dos naos 2000s, muiyo bom!

ficou só ele/ ele ficou só : amei!

Pedro Nakasu disse...

Talvez ele ficando só seja melhor do que com um mundo cheio de promessas falsas ;)

Fischer disse...

Não gosto quando repetem muitas vezes as mesmas palavras num poema
Quase sempre não gosto. Nesse caso, realmente não gostei