domingo, 18 de março de 2007

Cortinas




















Eu sou ausência.
Com mãos pequenas eu tento segurar todos os
fios de uma teia que se desfaz:
10 dedos, Oito patas devidamente articulados para sobrevivência.


Eu sou ausência.
Dessa ausência teço meus fios: Dos silêncios e Esperas.
Do que assisto em segredo. Do escuro dos cantos. Das pequenas formigas que me alimentam.
Das janelas abertas uma vez por semana.


E me repito: Eu sou ausência.
Há muito não visitam a minha teia. Nem vermes nem borboletas.
Continuo a tecer fios (Dos telefones. Dos trilhos de trem).


Eu sou ausência.
Logo eu que jamais romperia casulos (Darwin, Mendel e Rousseau também não poderiam)
Me fiz asas e não volto mais.


Eu sou ausência:
O que restam são só teias.
E ainda assim temem as criaturas.
Temem o que se fez ausente.




Conchas. Casulos. Colméias.Apartamentos.




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O objeto não toca a imagem. Jamais.

3 comentários:

Pedro Nakasu disse...

Olha a menina que não toca o céu que não toca a terra! Como é triste e melancólica. Avante, guria, o mundo te aguarda, e te engole por inteira.

bruno reis disse...

li de novo e achei foda, de novo.

Thalita Castello Branco Fontenele disse...

Mas só agora eu entendi!!!
E mais: !!!