sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Apócrifos, Das cartas não enviadas: Taxi

30 de abril de 2007.





Lá se foi você. (Denovo). Dobrou a esquina e seguiu num rumo que já não sei mais. O que sei é que tem areia entre meus dedos e esse sentimento tão raro, que não sabe ser escasso e que não cessa, decidiu fincar os pés aqui dentro de mim.

Único por não saber dizê-lo. Tento comparar, usar figuras de linguagem sempre tão batidas, tento dar nós em fios que sequer consigo segurar entre os dedos. Depois?

Depois continua aqui. Essa coisa imensa e sem nome que penso ser mar, se não fosse também terra firme (ou fofa, onde afundam meus pés). Que eu penso ser mar, se não fosse antes de todas as cores. Que eu penso ser mar, se já não fosse há muito (dentro de mim e maior que eu).

Lá se foi você dobrando a esquina, num carro estranho que tem uma plaquinha brilhante, onde com letras verdes está escrita uma palavra que em algum dialeto muito, muito antigo deve significar "arrancar pedaços".

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